O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, tem defendido a eliminação da jornada de trabalho 6×1, considerada por ele como “cruel”. Segundo Marinho, essa escala, que exige seis dias consecutivos de trabalho seguidos por apenas um dia de descanso, compromete a saúde física e mental dos trabalhadores, especialmente das mulheres . Ele argumenta que, em uma economia madura, é possível e saudável reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais, desde que essa mudança seja resultado de negociação coletiva entre empregadores e empregados.
A proposta de Marinho visa substituir a jornada 6×1 por modelos de trabalho mais equilibrados, como a jornada de 40 horas semanais, que pode ser distribuída ao longo de quatro ou cinco dias. Essa mudança permitiria aos trabalhadores mais tempo para descanso, lazer e convivência familiar, sem redução salarial. O ministro destaca que a fixação de horários de trabalho deve ser feita em mesa de negociação, respeitando as especificidades de cada setor e categoria profissional.
A jornada 6×1 tem sido alvo de críticas por sua rigidez e pelo impacto negativo na qualidade de vida dos trabalhadores. Especialistas apontam que essa escala contribui para o aumento do estresse, da fadiga e de doenças relacionadas ao trabalho, como a síndrome de burnout. Além disso, a falta de tempo livre dificulta o acesso a atividades de lazer, educação e cuidados pessoais, essenciais para o bem-estar.
A proposta de redução da jornada de trabalho também está alinhada com tendências internacionais que buscam melhorar as condições laborais sem comprometer a produtividade. Países como Alemanha e Japão têm adotado modelos de trabalho mais flexíveis, com jornadas reduzidas, e observam ganhos em termos de eficiência e satisfação dos trabalhadores. Esses exemplos demonstram que é possível conciliar a redução da carga horária com o aumento da produtividade, desde que haja investimentos em tecnologia, inovação e qualificação profissional.
No entanto, a implementação da proposta enfrenta desafios estruturais no Brasil. A alta taxa de informalidade no mercado de trabalho e a baixa produtividade são obstáculos significativos para a adoção generalizada de jornadas reduzidas. Especialistas alertam que, sem avanços nessas áreas, a redução da jornada pode levar a uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) e a um aumento no desemprego. Portanto, é necessário um esforço conjunto entre governo, empresas e trabalhadores para criar condições que viabilizem essa mudança sem prejudicar a economia.
Além disso, a proposta de Marinho também envolve uma reflexão sobre o papel do trabalho na sociedade contemporânea. Em um contexto de avanços tecnológicos e automação, surge a necessidade de repensar modelos de produção e consumo que priorizem o bem-estar humano. A redução da jornada de trabalho seria uma forma de redistribuir os benefícios do progresso tecnológico, proporcionando aos trabalhadores mais tempo para atividades que promovam a saúde física e mental.
O debate sobre a jornada de trabalho no Brasil está em pauta, e a proposta de Marinho representa uma tentativa de modernizar as relações laborais, adaptando-as às necessidades e desafios do século XXI. Embora a mudança dependa de negociações e ajustes legislativos, ela sinaliza uma preocupação com a qualidade de vida dos trabalhadores e com a construção de um modelo de desenvolvimento mais equilibrado e sustentável.
Em resumo, a proposta de Marinho para o fim da jornada 6×1 reflete uma visão de trabalho mais humana e adaptada às realidades contemporâneas. Embora enfrente desafios, ela abre espaço para discussões sobre como transformar o ambiente de trabalho no Brasil, promovendo condições mais justas e saudáveis para todos os trabalhadores.
Autor: Popov Smirnov